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Quando acaba a licença-maternidade

Texto autoral de uma mãe da rede Espichei

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BB Seguros

quinta-feira março 3, 2022

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Tempo estimado de leitura: aproximadamente 4 minutos

 

Assuntos abordados:

– Fim da licença-maternidade

– Retorno ao trabalho

– Angústia da separação

– Aleitamento materno

 

A maternidade me fez acessar sensações que eu desconhecia completamente na minha vida anterior. Acredito que nós entendemos a existência dos sentimentos e que experimentamos todos eles de formas diferentes na caminhada. Então não é que eu não tivesse passado por certas dificuldades antes, mas há coisas que só sentimos na pele quando viramos mãe.

Eu nunca imaginei, por exemplo, que seria tão difícil voltar de uma licença-maternidade para o meu posto de trabalho. Quando estava grávida, as pessoas diziam que iriam pegar minha bebê emprestada para passar uns tempos brincando, mimando, e eu afirmava com a maior certeza do mundo que eu a deixaria ir. Que tola eu fui. Mal sabia o apego que eu criaria.

 

Quando minha filha tinha dois meses de vida fora da barriga, fui em busca de creches, pois já sabia que essa teria que ser minha configuração para retornar ao ofício. Eu não tinha muitas escolhas a fazer, pois precisava – e queria – voltar a trabalhar. Mas assinar um contrato de escola foi uma das ações que fiz com a maior má vontade que já houve nesse mundo.

 

Não é que eu não confiasse naquele espaço. Mas como você pode achar que estar longe da mãe é melhor do que estar perto? Eu sentia culpa. Tristeza. Um pouco de raiva das circunstâncias. Me sentia um pouco vítima do meio. Eu não queria ser mãe em tempo integral, mas também não queria deixar minha pequena para lá. É lógico que eu não estava “deixando-a para lá”, no sentido vulgar dessa expressão. Mas eu a achava pequena demais para nos separarmos.

 

Era para eu usufruir de seis meses em casa com minha filha. Por percalços no meu caminho, precisei retornar ao trabalho no dia exato em que ela completou quatro meses. Foi caótico. Minha bebê mamava exclusivamente no peito e passou a ter que tomar mamadeira. Eu, que tinha bastante leite, precisava extrair com bomba no meio do dia, ou poderia sofrer com outra mastite – eu já havia experimentado aquela dor uma vez e não pretendia sentir de novo. Se passava do horário no escritório, os seios vazavam. O corpo saía de casa, mas a cabeça ficava nela. Para além da dificuldade da separação, entendi que eu era invadida por uma sensação de impotência.

 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o aleitamento materno deve ser realizado de forma exclusiva durante os primeiros seis meses de vida. Há mães que não conseguem e eu tenho máximo respeito por elas, não as julgo. Mas falando do meu cenário, como poderia eu, exigir de mim mesma, que alimentasse minha filha do meu próprio leite até a metade do primeiro ano, se eu precisava, também, garantir o sustento de nós duas saindo para trabalhar?

 

O mundo mudou muito para as mulheres e eu sou grata por isso. Também sou grata pela creche, que um dia foi uma decisão dolorida, mas hoje, enxergando todos os benefícios, é uma certeza confortável no meu coração. Mas ainda há uma estrada muito longa a ser percorrida para que as mães tenham mais conforto e poder de decisão. Não dá para amamentar exclusivamente se você tem que trabalhar. Se você decide não trabalhar, corre o risco de ser jogada fora do mercado de trabalho mais à frente. É uma reação em cadeia que ainda prejudica muitas de nós e precisa ser pensada, repensada e reavaliada quantas vezes for preciso.

 

Se você está prestes a voltar ao trabalho ou acabou de voltar, desejo que tudo fique bem. Que você tenha a rede de apoio que precisa e que suas escolhas sejam as mais acertadas possíveis. Mas não podemos esquecer que toda luta feminina não é somente sobre nós. É sobre milhares de mães que estão constantemente tentando voltar ou decidindo ficar, mas não sem que haja renúncias e sentimentos complexos.

 

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Esse conteúdo exclusivo foi produzido a partir de parceria do blog Primeiros Passos com o Espichei, rede materna paterna criada em Brasília e que reúne milhares de famílias em prol de uma maternidade mais consciente, colaborativa e sustentável. Acompanhe esta iniciativa conjunta também nas redes sociais pela hashtag #espicheiprimeirospassos

 

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